Em 2016, o dicionário britânico Oxford elegeu a ‘pós-verdade‘ como a palavra do ano. O adjetivo explica porque os fatos objetivos exerciam cada vez menos influência sobre a opinião pública, vencido pelas emoções e crenças pessoais.
O fenômeno ficou marcado sobretudo na política. Naquele ano, Donald Trump chegava à presidência dos Estados Unidos às custas de uma campanha marcada por notícias falsas, desinformação e sensacionalismo acerca de sua principal rival eleitoral, a democrata Hillary Clinton. O que se viu foi a popularização de fake News e a demonstração de que era possível financiar uma rede de empresas para disseminá-las.
Para Patrícia Blanco, a retomada do percurso histórico é fundamental para situar a necessidade constante dos enfrentamentos à cultura da desinformação. “Identificamos esse problema lá em 2016, mas o fato é que ele persiste, se revelou forte nas eleições de 2018 e se ainda mais desafiador para 2022 no atual cenário político que vivemos”, reconhece a especialista, presidente do Instituto Palavra Aberta, instituição voltada para a promoção da liberdade de expressão e informação. Para ela, se de um lado há grande volume de informações em circulação, devido às redes e à pulverização das autorias, de outro, há poucos critério ao consumi-las.
“Há uma carência no entendimento de como analisar criticamente o grande volume de informações que chega até nós. Como separar fato de opinião, como identificar um conteúdo publicitário dentro de uma rede social, como analisar criticamente uma informação que chega por um veículo formal de comunicação, por um blog ou demais canais. Foi nesse contexto que começamos a pensar sobre a importância de formatar um programa de educação midiática informacional”, conta a especialista, ao anunciar o EducaMídia 60+, iniciativa voltada para promover a formação midiática em pessoas acima de 60 anos.